Algumas pessoas são muito rigorosas consigo mesmas, e com aqueles que vivem
ao seu redor. Cobram-se, além do necessário;
exigem dos outros uma perfeição impossível. Vivem no curto espaço entre a culpa e a tolerância.
A melhor maneira de entendermos as pessoas à nossa volta, e também as circunstâncias que nos rodeiam, é procurarmos aceitar a nossa própria humanidade.
Somos humanos, portanto, limitados. E, não somente limitados, frágeis também. Vulneráveis.
Muitas vezes, persistentes e inseguros ao mesmo tempo. Nossas contradições e lutas internas são o reflexo de nossa humanidade.
Quantas vezes queremos perdão e não sabemos perdoar. Precisamos de amigos, e nos trancamos em nós mesmos. De braços fechados, sonhamos com um grande abraço. Nos fechamos em nosso mundo e esperamos que as janelas se abram para nós. Isolamo-nos e queremos que os outros nos abram espaços. E o pior, com o coração endurecido, reclamamos amor e atenção. Tudo porque somos humanos.
Nossa fé vai sendo construída entre a confiança e a dúvida cruel. Nossos passos vão se firmando entre saudáveis caminhadas e doloridas quedas. A dor e a alegria, o medo e a esperança, os sonhos e os pesadelos, a segurança e a hesitação, são partes integrantes de nossas experiências de vida; do nosso cotidiano.
Em algumas situações, olhamo-nos no espelho e dizemos para nós mesmos: Vou vencer, vou conseguir! E, no outro dia, temos medo de ir à luta; ficamos prostrados e fugimos outra vez. Tudo isso, porque somos humanos.
Nossa humanidade é a consciência de nossos limites e, ao mesmo tempo, desafio de superação. É esperança que se refaz a cada dia; é também, a frustração por cada dia que não volta. É saúde e enfermidade, num mesmo corpo; Paz e ansiedade, num mesmo espírito.
É exatamente assim, como somos, que precisamos continuar na estrada da vida, superando obstáculos, perseguindo ideais, alimentando sonhos, redesenhando a vida, caminhando sempre, e sempre mais, entre os sonhos e as frustrações.
Como não nos bastamos a nós mesmos, precisamos de uma força que não é humana, mas que está ao nosso dispor. É a graça de Deus! Esta força, quando derramada sobre nós, revela-nos uma verdade: é como humanos que vamos vencer. É por causa da nossa humanidade que Deus nos ajuda e interage conosco.
Se nossa humanidade é o nosso limite, certamente não é o nosso fim. É exatamente porque somos humanos, que Deus nos ama tanto. Esta nossa condição é, pois, nossa maior riqueza. Quanto mais humanos, tanto mais perto de Deus. “O poder de Deus se aperfeiçoa na nossa fraqueza” – é o que nos diz as Sagradas Escrituras. O limite do homem é a oportunidade de Deus. Ele nos entende e nos alcança na nossa finitude.