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sexta-feira, 23 de maio de 2008

Solidão


Uma das características do homem moderno é a solidão.

Um especialista afirmou que a solidão é um dos estados da mente mais angustiosos que um indivíduo pode experimentar.

Por isso, ela desempenha um papel prevalecente nos suicídios e, comprovadamente, em grande parte dos homicídios.

É isto que assegura John Altrocchi, perito em psicologia anormal, após descobrir que muitas pessoas, que mataram figuras proeminentes, se sentiam solitárias.

A própria palavra “solidão”, quem sabe, mais que qualquer outra, tem um som triste, se não mesmo lúgubre. ROLLO May, no livro “O homem a procura de si mesmo”, refere-se àquelas pessoas para quem é importante serem convidadas para essa festa ou aquele jantar, não porque se divirtam. Ser convidado é importante como prova de não estar sozinho. André Gide observa, no homem do final do século XX, o medo da solidão, pelo fato de que a sensação de vazio e a solidão andam comprovadamente juntas.

Nesta panorâmica, psicólogos contemporâneos, como Erich Fromm e Erick Erickson, consideram a solidão e a alienação mental, como problemas psicológicos de maior vulto de nosso tempo.
É bom sabermos que a solidão é diferente, não é só estar sozinho, como de isolamento. Alguém pode estar sozinho e não se sentir solitário ou, pelo contrário, estar em meio a uma multidão e sentir-se só. Na solidão, temos o medo de amar. Aliás, título do livro de Ira J. Tanner, “Solidão, o Medo do Amor”, onde o autor faz referência a uma mulher que, após várias experiências de frustração afetiva conclui:”Não vale a pena amar. Não posso correr o risco de ser magoada e sofrer”. O medo angustiante de amar vê-se sempre associado a uma necessidade intensa de amor.

A maioria das pessoas ou sente falta de uma sensação de “fazer parte” ou sente falta de emoção de “ser entendida”. Por isso, a solidão está arraigada à questão dos relacionamentos interpessoais.
É uma experiência emocional, social, mas também espiritual. A alheação de Deus é um tema central da Bíblia, que faz da solidão um dos problemas mais sérios. A opção do homem moderno pela conversão da mente ao humanismo, ao secularismo, é uma oposição à fé em Deus, fê-lo separar-se do Criador.

A insolência humana de bastar-se a si mesmo originou a sensação de solidão espiritual.
A comunhão com Deus há muito foi interrompida. Daí a solidão, como fracasso do amor, haver gerado a crise que separa não só o homem do homem, mas o homem de Deus.



A solução para esse problema, dos mais angustiosos, está em Cristo, que enviado pelo Pai ao mundo, viveu nossos dramas, sentiu na pele nossas limitações e promoveu o ministério da reconciliação com Deus.

O Filho de Deus pode preencher, assim, o vazio proposital, pelo homem mesmo criado, que por sua arrogância contra si próprio sobreveio.

A solidão persiste quando descuramos a companhia do salvador, que “Veio buscar e salvar o que se havia perdido”, e na linguagem do Apocalipse “Está a porta e bate, se alguém abre, o Senhor entrará e ceará com ele”. Veio para estar conosco todos os dias.

Quiçá a solidão humana possa ser mitigada pela resposta na assimilação do indivíduo em Cristo.


(EliFernandes de Oliveira, Pastor da Igreja Batista da Liberdade,SP, é Bacharel em Teologia pelo STBNB; Psicanalista Clínico pela SPOB; Mestre em Teologia e Mestre em Ministério pela Faculdade Teológica da Fé Reformada, São Paulo, e Doutor em Teologia Th.D (cum claude) pela Universidade Cohen, Los Angeles, CA.. É escritor de jornais seculares e evangélicos, de revistas para EBD-JUERP, e de artigos para periódicos especializados em Teologia Texto extraído do portal http://www.libernet.org.br, edição de 16/03/2005).

Sofrimento e Vida


A história humana tem sido como que uma só página de indivisíveis sofrimentos e de agonias inenarráveis. Para E. Bersier, o sofrimento é o mais universal, o mais individual, o mais antigo e o mais atual de todos os problemas. A origem do nosso abandono e do nosso cansaço, da nossa fragilidade e de nossa miséria e da morte, reside no momento de incrível fraqueza dos nossos primeiros pais ante o divino, promulgado pelo Criador.

O sofrimento, herança terrível e angustiosa, é, portanto um patrimônio dos séculos passados e o será também deste e dos futuros, até os últimos dias. Zenão, filósofo grego do 3º século a.C., foi o fundador do estoicismo, que pregava a impassibilidade ante o sofrimento. Epícuro, outro filósofo grego do século 4º a.C. mandava seus discípulos esquecerem a dor pelas lembranças dos prazeres passados. E se a dor for mais forte? Pergunta um seguidor. Nesse caso, seria melhor o suicídio. Solução prática, sumária. Já outras escolas e sistemas confessam, com eloqüência o significativo silêncio, sua importância diante do sofrimento humano.

Rubens Lopes, no livro “Ao-Por-Do-Sol”, afirma que o sofrimento fará o homem desequilibrar-se como se lhe fugisse o chão, a não ser que essa força se oponha a outra: a fé. Se o sofrimento puxa para baixo, a fé arrebata para cima, concluiu.

Vinet complementa, dizendo que o infortúnio obscurece o mundo visível; mas abre em nós aquela visão interior com a qual se vê o invisível. Outra vez somos conduzidos ao regaço de Jesus Cristo, que diz: “Vinde a mim todos vós cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Não se turbe o vosso coração: credes em Deus, crede também em mim”.

A experiência humana tem se convertido em vale de lágrimas. Contudo, foi o Varão de dores quem nos visitou para trazer-nos vida e esperança. Uma dor única, incomparável, inexprimível, onde todos, de todas as gerações, podem, saciar a sede e cuja água renova e fertiliza o solo mais árido. Os homens têm sofrido horrores; casamentos infelizes, desajustes familiares, desilusões, aspirações insatisfeitas, doença sem cura, saudades insuportáveis. Verdadeiros estrepes cravados na alma. Porém o aspecto da dor transforma-se sob a cruz, com sua ignomínia e seu horror (cruz que significa escândalo e loucura) em esperança e vitória para os que crêem naquele sofrimento que ultrapassou toda a medida, não havendo outro que se lhe compare.

O sofrimento traz, ao espírito conturbado, a sábia reflexão que, nada há que o dissipe, a não ser Jesus Cristo, o qual, feito homem de carne e osso, sofreu e morreu para que nós, os homens tivéssemos vida.


(EliFernandes de Oliveira, Pastor da Igreja Batista da Liberdade,SP, é Bacharel em Teologia pelo STBNB; Psicanalista Clínico pela SPOB; Mestre em Teologia e Mestre em Ministério pela Faculdade Teológica da Fé Reformada, São Paulo, e Doutor em Teologia Th.D (cum claude) pela Universidade Cohen, Los Angeles, CA.. É escritor de jornais seculares e evangélicos, de revistas para EBD-JUERP, e de artigos para periódicos especializados em Teologia Texto extraído do portal http://www.libernet.org.br, edição de 16/03/2005).