Uma das características do homem moderno é a solidão.
Um especialista afirmou que a solidão é um dos estados da mente mais angustiosos que um indivíduo pode experimentar.
Por isso, ela desempenha um papel prevalecente nos suicídios e, comprovadamente, em grande parte dos homicídios.
É isto que assegura John Altrocchi, perito em psicologia anormal, após descobrir que muitas pessoas, que mataram figuras proeminentes, se sentiam solitárias.
A própria palavra “solidão”, quem sabe, mais que qualquer outra, tem um som triste, se não mesmo lúgubre. ROLLO May, no livro “O homem a procura de si mesmo”, refere-se àquelas pessoas para quem é importante serem convidadas para essa festa ou aquele jantar, não porque se divirtam. Ser convidado é importante como prova de não estar sozinho. André Gide observa, no homem do final do século XX, o medo da solidão, pelo fato de que a sensação de vazio e a solidão andam comprovadamente juntas.
Nesta panorâmica, psicólogos contemporâneos, como Erich Fromm e Erick Erickson, consideram a solidão e a alienação mental, como problemas psicológicos de maior vulto de nosso tempo.
É bom sabermos que a solidão é diferente, não é só estar sozinho, como de isolamento. Alguém pode estar sozinho e não se sentir solitário ou, pelo contrário, estar em meio a uma multidão e sentir-se só. Na solidão, temos o medo de amar. Aliás, título do livro de Ira J. Tanner, “Solidão, o Medo do Amor”, onde o autor faz referência a uma mulher que, após várias experiências de frustração afetiva conclui:”Não vale a pena amar. Não posso correr o risco de ser magoada e sofrer”. O medo angustiante de amar vê-se sempre associado a uma necessidade intensa de amor.
A maioria das pessoas ou sente falta de uma sensação de “fazer parte” ou sente falta de emoção de “ser entendida”. Por isso, a solidão está arraigada à questão dos relacionamentos interpessoais.
É uma experiência emocional, social, mas também espiritual. A alheação de Deus é um tema central da Bíblia, que faz da solidão um dos problemas mais sérios. A opção do homem moderno pela conversão da mente ao humanismo, ao secularismo, é uma oposição à fé em Deus, fê-lo separar-se do Criador.
A insolência humana de bastar-se a si mesmo originou a sensação de solidão espiritual.
A comunhão com Deus há muito foi interrompida. Daí a solidão, como fracasso do amor, haver gerado a crise que separa não só o homem do homem, mas o homem de Deus.
A solução para esse problema, dos mais angustiosos, está em Cristo, que enviado pelo Pai ao mundo, viveu nossos dramas, sentiu na pele nossas limitações e promoveu o ministério da reconciliação com Deus.
O Filho de Deus pode preencher, assim, o vazio proposital, pelo homem mesmo criado, que por sua arrogância contra si próprio sobreveio.
A solidão persiste quando descuramos a companhia do salvador, que “Veio buscar e salvar o que se havia perdido”, e na linguagem do Apocalipse “Está a porta e bate, se alguém abre, o Senhor entrará e ceará com ele”. Veio para estar conosco todos os dias.
Quiçá a solidão humana possa ser mitigada pela resposta na assimilação do indivíduo em Cristo.
(EliFernandes de Oliveira, Pastor da Igreja Batista da Liberdade,SP, é Bacharel em Teologia pelo STBNB; Psicanalista Clínico pela SPOB; Mestre em Teologia e Mestre em Ministério pela Faculdade Teológica da Fé Reformada, São Paulo, e Doutor em Teologia Th.D (cum claude) pela Universidade Cohen, Los Angeles, CA.. É escritor de jornais seculares e evangélicos, de revistas para EBD-JUERP, e de artigos para periódicos especializados em Teologia Texto extraído do portal http://www.libernet.org.br, edição de 16/03/2005).